terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ovo com Pipoca - Bastardos Inglórios: O melhor filme do Ano

Assistir a um filme do Tarantino é mergulhar num emaranhado envolvente composto de uma história bem escrita, belas cenas, atuações marcantes e acima de tudo inovação.
Bastardos Inglórios surge como, senão a melhor, a mais madura obra do cineasta.

Com dois arcos principais separados por capítulos a história conta como uma judia perde sua família num massacre nazista e escapa. Foragida na França ela passa a administrar um cinema, que se fará importante pois é nele onde tudo culminará. Enquanto isso, um tenente do Tenessee lidera um grupo anti-nazista formado por judeus-americanos e alemães desertores. Quando enfim surge a possibilidade de dar cabo da elite do 3º Reich de uma só vez esses 2 lados irão se juntar lutando pelo mesmo fim, ainda que sem saber.

Não é incomum ver em seus trabalhos as influências cinematográficas transbordando. Nesse caso, o próprio nome do filme foi tirado de uma produção italiana filmada em 1978.
Os personagens são um espetáculo à parte. Quentin é comprovadamente um amante dos clichês mas com eles os estereótipos são exibidos de maneira soberba e nos proporcionam diálogos que são verdadeiros embates verbais. Destaque para atuação irreprensível de Cristoph Waltz como o esperto e poliglota Coronel Hans Landa, e para o Tenente Aldo Rayne, o americano-sulista-típico interpretado de maneira fantástica por Brad Pitt.

Apesar da história se passar na França dominada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, o clima western é bastante evidente principalmente pela utilização da trilha sonora clássica dos filmes de Bang-Bang Italianos de Ennio Morricone. Também a estética francesa ilustrada por Emanuelle Mimieux remete bastante aos filmes feitos na década de sessenta no país de Goddard e Truffaut.

Como não poderiam faltar, as cenas de violência explícita baseadas nos filmes trash, marca-registrada do diretor, são mais uma presença constante. Obviamente que nem todos são adeptos desse tipo de amostra mas quem se deixa levar pelo estilo tarantinesco de conceber cinema, nota que em meio aos judeus metralhados sem piedade, nazistas esmagados por um taco de beisebol ou suásticas talhadas na testa sem pudor há um estilo único que chega a ter beleza [como na cena da morte de Shosanna Dreyfus: tanto o figurino quanto o cenário e o sangue espalhado pelos tiros contra o corpo da judia davam forma e emoção necessárias ao momento].

Quentin Tarantino levou 10 anos para conceber o roteiro e fica claro que o tempo foi absolutamente válido. As duas pontas da história quando amarradas no final criam uma trama muito bem elaborada. Personagens reais como o Fürer em pessoa e seu propagandista Goebbels se misturam em meio aos personagens criados para o filme numa visão totalmente nova da 2ª Grande Guerra; sem trincheiras ou tanques e inclusive um resultado final diferente do que conhecemos com a vingança judia tomando forma e rosto.

Bastardos Inglórios é explosivo, tenso e com muita ação mas ao mesmo tempo é divertido e engraçado de um modo que só Tarantino é capaz de fazer.


1 comentários:

Lauesg disse...

EXCELENTE! Bela crítica para um belo filme!

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